A arte de observar

“A Segunda técnica para desenvolver a autoconsciência é aprender a se observar. Essa arte da inteligência é fundamental para o Eu se autoconhecer, se esquadrinhar, penetrar em espaços mais íntimos da sua estrutura. Sem aprender a nos observar, somos um carro à deriva, um barco sem leme, atropelamos as pessoas e nos acidentamos sem ter consciência do que está acontecendo em nossas mentes e no âmago dos outros.

Observar não é dar uma olhadela superficial em nosso psiquismo, nos meandros da nossa mente, mas sim exercitar um olhar atento, acurado, por isso é uma arte que vem depois da arte de se interiorizar. Primeiro, se fixa no quadro depois, se observa atentamente.

Meditar não reflete necessariamente a arte de se observar, embora também possa ser útil. É possível passar décadas meditando e não analisar nossas mazelas, não reconhecer nossa pequenez, imaturidade e loucuras. O que estou propondo não é uma técnica de meditação, mas uma técnica psicológica para o Eu se conhecer, descobrir seus papéis, limites, conflitos.

Deveríamos gastar uns cinco minutos uma ou duas vezes por dia, no trabalho, dirigindo o carro, deitados antes de dormir, observando quem somos, questionando se temos sido maduros, lúcidos, coerente uns com os outros, conosco, com nossos sonhos. Deveríamos prestar atenção por onde estamos caminhando, que tipo de história emocional e social estamos construindo, como está nossa qualidade de vida. É tão pouco tempo, mas tão fundamental. Entretanto, a indústria do lazer nos sufocou. As pessoas chegam em casa e a primeira coisa que fazem é ligar a TV, ler uma revista, um jornal. Não executamos o auto diálogo prazeroso, relaxante, agradável.

O que é espantoso é que atualmente a indústria do lazer, poderosa e diversificadíssima, não está produzindo a geração mais alegre, contemplativa, relaxada, mas sim a mais triste, insatisfeita e menos interiorizada que já existiu.

Há pessoas que estão à beira de um ataque de nervos ou de um infarto e não gastam migalhas de seu tempo observando e procurando alternativas para se reciclar, mudar de rotas, se cuidar. Aqui se incluem também executivos, médicos, intelectuais e líderes espirituais de excelente nível. Essas pessoas não abandonam os outros, procuram sempre que possível ajudá-los, mas não se importam se elas mesmas se abandonem. São éticas com todos, menos consigo mesmas. Jamais deixam os feridos pelo caminho, mas se deixam em último lugar na escala de suas preocupações. Autodestroem-se.

A arte de se interiorizar é muito útil para darmos respostas brilhantes nas relações sociais, e a arte de se observar é muito útil para darmos respostas brilhantes a nós mesmos. A exteriorização da existência tem debilitado o desenvolvimento da autoconsciência e da sensibilidade. É provável que a maioria das crianças e adolescentes esteja desenvolvendo uma insensibilidade preocupante devido ao excesso de atividades e de consumo. Elas ferem seus pais, mas não sentem a dor deles, machucam seus colegas e reagem como se nada tivesse acontecido. São rápidas em exigir que suas necessidades sejam supridas, mas são lentas para se doar.

Já repararam como as crianças da atualidade querem em primeiro lugar, em segundo e em terceiro lugar que suas necessidades sejam atendidas? O egoísmo, o egocentrismo e o individualismo são conseqüências de um Eu mal construído, destituído de autoconsciência.

A generosidade, solidariedade, tolerância, autocrítica e capacidade de se colocar no lugar dos outros nascem no solo da autoconsciência, e a autoconsciência nasce do solo da arte de se interiorizar, observar e mapear.

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Sem desenvolver tais habilidades, podemos preparar profissionais para executar tarefas, combatentes para as guerras, mas não seres humanos conscientes do espetáculo insondável da existência e que amam se doar.”

Texto extraído do livro: “ A fascinante construção do Eu” – Augusto Cury.

HR Hunter, Consultoria de Recursos Humanos do Rio de Janeiro, tem como expertise: Recrutamento e Seleção, Treinamento Comportamental, Plano de Cargos e Salários, Pesquisa de Clima e Coaching.