Chefe é chefe

Por volta dos anos 90 até o início do novo século a dificuldade para conseguir um emprego era grande. Quem tinha o seu segurava para não perdê-lo, quem não tinha lutava muito para consegui-lo. Naquele período o mercado era muito bom para quem entendia das empresas pontocom. Quando você começava num novo trabalho em uma nova empresa não era incomum os mais antigos dizerem: Seja bem-vindo, todo mundo quer alguém para segurar em sua mão, mas apesar de prometerem, ninguém aqui fará isso por você. Era nadar ou se afogar! Esse período talvez tenha sido o que mais sofreu mudanças na relação do trabalho, o até então seguro vínculo hierárquico entre empregador e empregado estava ruindo dando lugar a um relacionamento menos duradouro. As grandes empresas e em especial as multinacionais, que antes investiam na formação dos seus funcionários, começavam a exigir na contratação perfis mais prontos, mais preparados para o trabalho. Por sua vez, os funcionários começavam a acreditar cada vez menos que o sistema iria cuidar de suas carreiras por mais tempo. Nesse período começou a mais importante quebra de valor hierárquico e a relação de autoridade passou a sofrer um impacto de respeito. Com a pressão no ambiente de trabalho crescente ficou cada vez mais difícil satisfazer os funcionários. As transformações tecnológicas iniciadas pela era digital criaram a geração Y que veio para o mercado com o conhecimento nativo da informática, disputando com os imigrantes da geração X e antecessores nada cibernéticos, cada palmo do mercado. É claro que a experiência e o conhecimento de décadas não poderiam ser jogados no lixo em apenas cinco anos, mas ficou evidente a dificuldade cada vez maior de gerenciar pessoas, não que antes fosse fácil, mas no modelo antigo os subordinados aceitavam sem grandes questionamentos a autoridade do chefe. É sabido que a concorrência era menor e consequentemente se exigia muito menos. Hoje cada ação é medida. As pessoas estão sendo cada vez mais difíceis de gerenciar e com o mercado aquecido, o que torna o emprego mais fácil, elas discordam abertamente das decisões políticas das empresas, questionam as instruções e cada vez temos funcionários menos obedientes às ordens dos chefes. As fontes de autoridade hoje são baseadas em trocas, e as condições de trabalho e forma de mandar estão sempre em questionamento. O grau de exigência do empregado está diretamente ligado às necessidades e expectativas que ele tem naquele trabalho, e aqueles gestores que não conseguem atender a essa demanda perdem autoridade aos olhos de seus subordinados. A resposta é clara e vai desde o empregado intelectualmente menos preparado, pois este tem o amparo governamental com seus auxílios desempregos, bolsa família… e uma legislação condescendente às suas faltas, até o mais preparado que não duvida da sua capacidade de recolocação imediata no mercado de trabalho. Neste cenário o desafio é produzir muito e com qualidade, trazer resultados e manter o clima de satisfação interna sem perder a autoridade. E como administrar pessoas em um ambiente tão hostil? Penso que não existe uma fórmula pronta, até mesmo porque cada empresa tem sua cultura e o seu jeito particular de fazer as coisas, porém, algumas regrinhas gerais podem tornar a sua administração menos sofrida, como por exemplo, querer tratar todos da mesma maneira. Essa “falsa igualdade” gera desmotivação para quem “rala e deixa o seu sangue na empresa”, portanto, quem merece mais deve ganhar mais. Saiba ser flexível para aqueles que estão sob mais tensão, é uma forma de aliviar sua carga. Saiba que quase tudo é negociável e cada vez vivemos mais uma relação de troca. Se você precisa que uma tarefa seja feita com qualidade e em menor tempo, você deve entender que tem um preço. Dê às pessoas aquilo de que elas precisam. Quanto mais você atender as necessidades do seu subordinado maiores serão as chances de ele se fidelizar a você. Faça tudo que for possível, mas jamais abra mão das suas responsabilidades pessoais. Tenha a coragem e a atitude de mostrar que você é o Chefe. Você deve isso a quem lhe deu o emprego.

HR Hunter, Consultoria de Recursos Humanos do Rio de Janeiro, tem como expertise: Recrutamento e Seleção, Treinamento Comportamental, Plano de Cargos e Salários, Pesquisa de Clima e Coaching.