Os Sindicatos ajudam?
Sempre que pergunto ao empresário se o Sindicato ajuda ou atrapalha ele responde: se não fosse a interferência deles da forma como é feita, teríamos uma relação com os empregados muito melhor. Quando repito essa mesma pergunta para o empregado, a grande maioria responde: qual sindicato? Existe algum? No que ele pode me ajudar? Só o vejo por obrigação, na hora da demissão! Muitos especialistas defendem a reforma sindical no país como mais importante do que a reforma trabalhista, eu entendo que ambas deveriam acontecer juntas, elas são forças que se completam e deveriam acontecer de forma harmoniosa para tirar o país desse abismo sexagenário de desordens legais que servem apenas para propiciar confusões interpretativas de leis e vantagens ilícitas. De um lado a justiça trabalhista entupida de processos que demoram anos para serem julgados, prejudicando principalmente o trabalhador; do outro, 15.007 sindicatos, com mais de três mil que nunca foram apresentados a uma negociação coletiva, ou seja, “existem, mas não existem”! Nos últimos oito anos foram criados mais de 250 novos sindicatos por ano, essa conta soma o aparecimento de mais de vinte por mês. Pra quê? Segundo o presidente da CUT, Vagner Freitas, alguns nascem apenas para arrecadar a contribuição obrigatória. O mais intrigante é que eles sozinhos movimentam (informações ainda de 2011) mais de 2,4 bilhões de reais por ano só de impostos obrigatórios, conforme dados extraídos do caderno O Globo Economia de 02.06.2013. Quem autoriza novas aberturas? Quem deveria controlar essa movimentação de dinheiro? O Ministério do Trabalho? O TCU – Tribunal de Contas da União? A verdade é que setores como a indústria e o comércio são os mais importantes no dia a dia para a vida das pessoas, nenhuma economia gera mais empregos, renda e tributos do que eles, e, no entanto, não parece existir uma vontade política dos nossos congressistas e do próprio executivo em mudar esse estado de coisas. Por outro lado, sindicatos das mais diversas categorias, sem representatividade, se legalizam (?!), transvestem-se de poderes e confundem o trabalhador. Penso que já passamos da hora de rever essa situação. Já passamos do tempo de praticar a política da transparência, em que patrões e empregados devem discutir seus próprios interesses capitaneados por um governo e entidades de classes sem paternalismo e radicalismos. O Brasil de hoje nada tem a ver com o de décadas atrás. Temos uma economia forte, gozamos do pleno emprego, o nível de informações chega às pessoas online, em quantidade e facilmente através da tecnologia. Não existem mais geladeiras que não gelam, rádios que não falam e gente que não entende. Não temos mais bobos! Todo mundo sabe contar dinheiro. Em cada esquina encontramos um código do consumidor. Todo cidadão sabe o que é certo e o que é errado, o que pode e o que não pode. Conheço trabalhadores semianalfabetos e até analfabetos que falam de direitos como gente grande, eles sabem direitinho quando estão exagerando e quando o patrão está querendo levar vantagens. Todo empregado conhece seus deveres e seus direitos, isso ele aprende na primeira semana de trabalho. Existem advogados ávidos por uma causa, que cobram pela defesa a perder de vista, portanto, não temos mais desculpas para vivermos um mundo sob a custódia ilimitada do estado e das entidades de classe. Muitos convênios e associações entre empresas e entidades profissionais que poderiam estar trazendo mais inteligência aos negócios e alavancando o conhecimento do trabalhador e, consequentemente, o desenvolvimento dele e das empresas não acontecem por conta das leis tributárias impostas pelo país. Talvez o Brasil seja o único país do mundo que tributa o patrão sobre o valor que ele paga para custear o ensino do seu empregado. Eu não conheço sindicato algum que tenha se preocupado em brigar para mudar essa insensatez política. Enquanto tivermos a interferência de terceiros naquilo que podemos e devemos fazer, não teremos empresas dispostas em investir, não teremos empregados mais preparados para executar suas tarefas e não teremos um país melhor. Hoje, eu vejo trabalhador e empregador algemados aguardando uma decisão que pode chegar um dia ou que pode não chegar.