RH no andar de cima das decisões
O mundo corporativo está se repaginando, e os conceitos de gestão estão se transformando muito rapidamente. A competitividade alavancada pela tecnologia nos deixa atrasados todos os dias. O movimento pela busca do cliente se acelera numa inquietude desmedida, quase deixando louco o empresário que se acotovela para manter-se na vanguarda do seu negócio. Há muito tempo os empresários administram suas empresas focando exclusivamente o retorno financeiro, priorizando o lucro acima de qualquer coisa e esquecendo que o gerador mais importante de divisas é a pessoa. Ela é a mais importante máquina de fazer dinheiro, e, até então, insubstituível. Por sua vez, os RH’s ainda trabalham sob a ordem dos donos, que são excessivamente preocupados com o caixa. É raro ver um gestor de RH confrontando com o seu patrão na tentativa de transformar culturas enraizadas que privilegiam o processo sem dar a devida importância ao seu executor. Um regulamento, na maioria das vezes, é intocável e acaba se tornando mais importante do que uma ação de mudança que poderia, na linha do tempo, transformar resultados. A prática usual e antiga de obediência a questões burocráticas instalou a miopia na maioria dos RHs que hoje necessitam urgentemente rever seus conceitos. Tudo o que foi feito até aqui não foi o bastante para inserir definitivamente o RH na mesa de decisões estratégicas da empresa. Enquanto o RH se enxergar como suporte, ele será sempre um auxiliar, e as decisões continuarão acontecendo sem a sua voz. Por questões óbvias e dentro da necessidade do seu tempo, o marketing e o comercial puseram o pé na estrada muito cedo e transformaram negociações simples em grandes oportunidades, e o que vemos hoje são empresas carentes de lideranças de pessoas navegando no mar de incertezas quando necessitam criar e inovar para continuarem competitivas. O mundo mudou muito e a inteligência disciplinar avaliada pelo QI, Quociente de Inteligência, deu lugar definitivamente à inteligência múltipla, que passou a incluir a emoção e as competências multidisciplinares como fatores decisivos de êxito. A percepção de que o sucesso de ontem não garante mais o sucesso do futuro é clara, e essa condição vem mostrando a importância do RH como peça importante nessa engrenagem de avaliações. Quem na sua empresa traça o mapa cerebral dos perfis necessários? Quem seleciona o recurso necessário a cada atividade? Quem elabora as políticas de pessoal, o desenvolvimento de talentos? Alguém tem dúvidas? Se os RH’s almejam subir para o andar de cima, a passagem de auxiliar para a mesa de decisões vai além do conhecimento de pessoas, ela passa pelo conhecimento do negócio, pelo conhecimento do produto e até pelo relacionamento com o cliente. É preciso saber mais, é preciso entender de logística, de contabilidade e conhecer o processo de marketing… O perfil do profissional de RH que as empresas precisam hoje é bem diferente daquele que estamos acostumados. Mude o foco, saia um pouco da hiperhiperespecialização e caia na competência multidisciplinar. Esse esforço é iminente para quem decidiu sentar-se à mesa de decisões. É muito mais frequente nos depararmos com engenheiros, advogados, vendedores que se transformaram em conhecedores de gente e ampliaram suas funções de gestores do negócio à de gestores de pessoas do que com profissionais oriundos do RH que passaram a entender o negócio da empresa. Isso representa um atraso nas pretensões de quem deveria chegar ao andar de cima. A formação de líderes com idéias novas e capacidade de transformar pensamentos em produtos ainda é o calcanhar de Aquiles em muitas empresas, e a saída está na união de forças internas que trazem para dentro desse contexto o profissional de RH. Cada lado precisa repensar o seu comportamento e entender que é mais fácil transportar um piano de 400 kg com cinco pessoas do que com três apenas.