Intuição

A gestação de uma elefanta dura em média 22 meses, e durante esse período aproximado de 660 dias ela se alimenta quase sempre da mesma planta. Pesquisadores constataram ainda que ela anda em média 4km por dia, e faltando menos de uma semana para dar a luz ao seu bebê, ela acelera o passo e chega a andar num único dia 27 km, ou seja, sete vezes mais do que o habitual. Essa sua pressa tem uma razão importante, ela precisa se preparar para parir e na sua maternidade-selva encontra-se uma espécie de árvore, nada habitual à sua dieta diária, mas que reúne substâncias capazes de induzi-la ao parto, o que ameniza bastante as dores pelo nascimento do seu robusto rebento de aproximadamente 110 quilos.

Ninguém duvida de que ela jamais frequentou uma escola para aprender usar a medicina a seu favor e a matemática para contar os dias certos que lhe faltam para dar a luz. Esse conhecimento obtido através dos ensinamentos ancestrais captado na experiência sensitiva e fisiológica – audição, paladar, tato, visão e olfato – lhe permite avaliar com precisão o que é mais importante para a sua sobrevivência. Os índios fazem isso muito bem e conseguem resistir aos contratempos naturais da vida selvagem, entretanto eles têm a seu favor, além dos ensinamentos ascendentes e da intuição, um cérebro que pensa. A intuição não é um privilégio de quem vive uma vida selvagem, ela está muito presente na vida urbana, basta que seja naturalmente exercitada em seu ambiente diário. Nas grandes cidades a tecnologia veio facilitar sobremaneira a vida do homem, e ao mesmo tempo em que o tornou mais qualificado para controlar as máquinas e os equipamentos, lhe ofereceu a comodidade para, num simples toque de onde estiver, acessar o mundo. Quem hoje, tendo um controle remoto ao seu alcance, levanta de onde está para mudar um canal de televisão? Quantas pessoas você conhece que, mesmo o outro estando ao seu lado, conversam pelo computador? Esse conforto todo (muito bom) estará nos levando para onde? Todas as vezes que aplico teste para candidatos a emprego, percebo a dificuldade que eles têm para fazer uma conta simples de subtrair; mais de 50% ainda erram e justificam: – eu uso a máquina de calcular pra tudo! Então eu paro para refletir: Não estariam essas facilidades todas nos roubando a intuição e o exercício de pensar plenamente? Não estaria a nossa percepção espontânea cedendo espaço para um pensamento burocrático criado sob as regras da tecnologia para fazer funcionar as máquinas? Aquele que inventa o equipamento vai estar a todo vapor no exercício da sua criatividade e do seu conhecimento sensorial, até mesmo porque ele precisa, para uma melhor adaptação, para que o seu invento esteja cada vez mais próximo do homem, mas, e o usuário, como está ficando, se num simples toque alcança o mundo? Não estaria perdendo a sua principal matéria-prima – a intuição e o “trabalho” de pensar? A massificação da tecnologia em escala absurda pode estar padronizando as ideias e o jeito de pensar direcionando-os para uma melhor convivência com a vida moderna. Será que aquela premonição de mãe que ao ser apresentada ao novo namorado da filha sente algo estranho e não se aquieta enquanto não tirar suas dúvidas, não estaria com os dias contados? Aquela escolha difícil que sempre leva em consideração nossos sentimentos na hora de optar, não estaria dando lugar para uma decisão exclusivamente racional que tenderá a materializar nossos atos? Até que ponto isso nos leva à melhor escolha? Sabemos que a felicidade está na combinação do cérebro com o coração e toda vez que um não consulta o outro alguma coisa pode dar errado, e a minha percepção é que cada vez mais consultamos menos o nosso coração. A intuição a meu ver é algo que está além da razão, apesar de muitos pesquisadores a definirem como algo aquém da razão, justificando que ela é quase sempre sentida antes de você ter racionalizado o fato, ela abrange uma esfera sensorial de proporções infinitas, podendo acontecer em qualquer situação. A definição do matemático Frances Henry Poincaré reflete com imaginação a sua fala: “É pela lógica que demonstramos, mas pela intuição que descobrimos”. E se aliarmos a observação dos fatos pela sua lógica com o sentimento da intuição, certamente estaremos um degrau acima na assertividade daqueles que usam apenas um lado para a tomada de decisão.

Ubiratan Ferrari Bonino

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