No World Economic Forum recrutar profissionais é uma missão
Como poucos, o italiano Paolo Gallo, de 51 anos, conhece de perto as diferenças e as necessidades de liderar pessoas em empresas privadas, organizações internacionais e instituições sem fins lucrativos. Seu currículo inclui passagens pelo Citibank, pela International Finance Corporation, em Washington, pelo European Bank, em Londres, e pelo Banco Mundial, onde atuou durante quatro anos.
Em abril de 2014, ele assumiu o comando da área de recursos humanos do World Economic Forum, em Genebra. “A real natureza do RH no World Economic Forum é preservar e valorizar a cultura de uma instituição única”, diz o executivo, que é assediado por profissionais do mundo inteiro.
Gallo conta que recebe, em média, 400 convites de contato e e-mails pelo LinkedIn por semana. “Oferta não falta. A questão é encontrar o profissional com o perfil singular em demanda no WEF.”
Entre desafios comuns da área de recursos humanos, como encontrar as pessoas certas e engajá-las, e missões mais nobres, como a do WEF, que é melhorar as condições do mundo em que vivemos, Gallo trabalha hoje cerca de 10 horas por dia, interage com profissionais de 60 nacionalidades diferentes e está escrevendo um livro com previsão de lançamento para novembro, que terá uma participação brasileira escrita por Karin Parodi, CEO da Career Center.
Sua enorme experiência em gestão de pessoas o credencia a traçar um novo perfil das lideranças e da área de recursos humanos para os próximos anos. “As pessoas que trabalham em RH devem mudar a forma como atuam e focar cada vez mais consultoria, orientação”, afirma. A seguir, o executivo fala sobre seus planos, sua missão no WEF e o futuro do RH.
VOCÊ RH – Em seu perfil no website do WEF está registrado que seu trabalho é desenhar e implementar a estratégia de capital humano da organização. Quais são seus maiores desafios nessa empreitada?
Paolo Gallo – Como você sabe, trabalhei para o Citibank. Quando você atua num banco ou banco de investimento, faz parte de uma tribo. Aí, quando atua no Banco Mundial, faz parte de outro grupo, o das organizações internacionais. O WEF é uma combinação incrível de setor privado com academia e organização sem fins lucrativos.
Para começar, não recebemos dinheiro de impostos. Nossa renda vem dos membros do WEF. Portanto, somos uma fundação, mas que é gerida como um negócio. Por outro lado, há uma dimensão acadêmica. O fundador do WEF é um professor. Temos na equipe profissionais que vêm da academia.
Produzimos estudos e avaliações que nos ajudam a entender melhor um tema que acreditamos ser relevante. Sem falar no aspecto empreendedor, que também é fundamental no dia a dia dessa organização. Com tudo isso em vista, a missão que nos orienta é melhorar as condições do mundo em que vivemos. É realmente uma combinação única.
VOCÊ RH – E qual é o papel de recursos humanos nesse contexto?
Paolo Gallo – A real natureza do RH não é elaborar a descrição das posições, fazer entrevistas, avaliar os profissionais, o que todo mundo faz. Mas, sim, pensar e montar uma estratégia para preservar e valorizar a cultura de um modelo que é único. Não temos dificuldades em recrutar pessoas.
Recebemos cerca de 20 000 currículos por ano para 120 a 140 vagas. Cerca de 400 pessoas me contatam por semana pelo LinkedIn. Não temos problema com fornecimento. Tenho problema, sim, com a qualidade. Os profissionais que conseguem chegar ao WEF têm um perfil específico.