Por que Muitos Treinamentos de Vendas Falham?

 

Por que Muitos Treinamentos de Vendas Falham?

 

Nas minhas aulas de Gerência de Vendas nos cursos de Pós-Graduação em Marketing da FGV, muitos alunos perguntam porque suas empresas investem milhares de reais em treinamentos de vendas e mesmo assim a performance dos vendedores continua aquém do desejado.

Sempre explico que, em primeiro lugar, é preciso verificar a qualificação dos instrutores, para se assegurar que eles estão verdadeiramente sintonizados com a nova lógica de vendas Afinal, ainda é comum encontrar por aí consultores que ainda acreditam que o processo de vendas se resume a abordagem, apresentação, contorno de objeções, fechamento e … abandono do cliente.

 

Como sabemos, vender não pode mais ser considerado uma arte inata, que apenas alguns poucos eleitos dominam. A crença no vendedor nato nos levaria a admitir a possibilidade de que os processos de recrutamento e seleção desses profissionais pudesse ser feita ainda nas maternidades, com os recrutadores dizendo:

“Este já nasceu vendedor. Separe para mim que volto para buscá-lo daqui a 20 anos”.

Outra crença absurda é traduzida por uma expressão que ainda ouvimos aqui e acolá:

“Coitadinho de fulano. Não deu para nada na vida e teve que acabar trabalhando em vendas”.

Na verdade, as empresas que ainda funcionam baseadas nestes paradigmas não acompanharam o “bonde da história” e pagarão um alto preço por isso – perda de participação de mercado, desgaste junto aos clientes, etc.

 

Mas a questão que realmente gosto de discutir é porque muitas organizações que são hábeis e competentes na contratação de programas de treinamento também enfrentam decepções na hora em que vão verificar a efetividade do trabalho realizado.

Minha experiência tem demonstrado que, na maioria dos casos, o que a acontece é o seguinte: os seus gerentes boicotam tudo o que foi discutido pelo consultor.

Por que isso acontece?
É muito simples.

 

Embora muitos gerentes tenham um discurso absolutamente afinado com a nova lógica da área de vendas – que diz que um vendedor tem que ser um consultor para seus clientes, ajudando-os a tomar as melhores decisões – na prática ainda acreditam no velho modelo do vendedor extrator/tirador de pedidos.

 

Muitas vezes são eles que nos contratam. Durante a definição do trabalho, são enfáticos em dizer que querem que sua equipe se posicione frente ao mercado como competentes solution providers e não como meros burocratas. Insistem em que sejam feitos trabalhos de naturezacomportamental, visando diminuir as resistências atitudinais da equipe. Batem no peito e afirmam que são líderes preocupados com o desenvolvimento profissional e pessoal de seus subordinados.

 

Mas bem lá no fundo, não acreditam no que eles mesmos estão dizendo. Preferem o caminho fácil da “cenoura e do chicote” e acabam por reforçar, no dia-a-dia, as posturas que apregoam estar tentando modificar.

 

Se você quer fazer um teste rápido sobre o que está acontecendo na sua empresa, verifique se os seus vendedores são remunerados apenas em função do volume de vendas que geram e chequem a opinião de seus gerentes em relação a isso.

 

Se eles dizem que não querem mais tiradores de pedidos em suas equipes, mas defendem a idéia de que o vendedor tem que ser remunerado basicamente em função dos pedidos tirados, este é um sinal de que antes de treinar seus vendedores você precisará reciclar seus gerentes.

 

Texto escrito por João Baptista Vilhena

 

 

 

HR Hunter, Consultoria de Recursos Humanos do Rio de Janeiro, tem como expertise: Recrutamento e Seleção, Treinamento Comportamental, Plano de Cargos e Salários, Pesquisa de Clima e Coaching.