Prisca Fontes
Além de ajudar a quem precisa, a boa ação pode se tornar um diferencial. Para especialistas, clientes valorizam empresas que mantêm projetos sociais e estão dispostos a pagar mais pelos seus produtos.
Assim que a empresa ficou estruturada, a empresária Paula Sperandio pôde realizar um desejo que surgiu antes mesmo da inauguração: começar um projeto social. A iniciativa pode parecer um custo desnecessário para os negócios, mas especialistas garantem que a responsabilidade social pode ajudar uma empresa a faturar mais.
“Cada um deve fazer sua parte para melhorar o mundo e as empresas devem participar disso”, afirma Paula, que é sócia-fundadora da farmácia de manipulação Flora Vegetal, em São Gonçalo.
A empresa oferece desconto de até 70% em remédios manipulados para pessoas com renda mensal de até um salário mínimo. Para participar, basta levar documentos que comprovem a renda, a receita médica e documento de identidade.
“Com o projeto, pessoas que negligenciariam o tratamento médico, podem ter acesso à medicação”, analisa.
Além de ajudar a quem precisa, a boa ação pode se tornar um diferencial para a empresa. Segundo Gilberto Braga, professor de governança corporativa e responsabilidade empresarial da Faculdade Ibmec esse tipo de iniciativa não é filantropia.
“Em um primeiro momento, a responsabilidade social surgiu como uma imposição do mercado, mas atualmente é um compromisso, um valor. Toda empresa tem um papel social e ela pode continuar a lucrar, dentro de uma cultura com práticas éticas”, ressalta.
O professor acrescenta que os clientes valorizam empresas que mantêm projetos sociais, e que estão dispostos a pagar mais pelos seus produtos.
“A responsabilidade social agrega valor à marca e fornece um diferencial para o consumidor. Mas os projetos não podem ser apenas uma técnica de marketing e vendas, e sim uma nova forma de fazer negócios”, alerta.
Esporte – A escola de vôlei Bernardinho mantém projetos de responsabilidade social em comunidades carentes do Rio, antes mesmo da ocupação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
“Nosso objetivo não é ter nenhum tipo de retorno financeiro, e sim contribuir para a formação do cidadão. Nossa metodologia trabalha valores como superação, responsabilidade e respeito”, explica Ricardo Bergara, diretor de marketing da instituição.
Hoje, a empresa tem unidades sociais nas comunidades do Borel, Mineira, São João, Uerj/Mangueira, Prazeres, Complexo do Alemão além da Tavares Bastos. O sucesso é tão grande que empresas como a EBX e o Banco do Brasil entraram como parceiros nesses projetos.