Encontramos nos jornais, revistas e sites, notícias a respeito do vai e vem dos profissionais nas empresas. Ou seja, matérias apresentando os sucessos de alguns executivos e, às vezes, executivos revelando sua versão dos fatos, caso estejam deixando as respectivas empresas.
Se repararmos, as alegações quase sempre são: a falta de investimentos da matriz ou os controladores das empresas; o fato do profissional não vislumbrar mais um crescimento na carreira; falta de novos desafios; um convite recebido para atuar em outra organização; motivos familiares; que o desligado vai dedicar-se a uma pousada e assim vai.
No entanto, há um componente perverso nessas notícias – elas nem sempre correspondem à verdade!
Vou citar um exemplo. Uma empresa multinacional demitiu sua Presidente. Porém, os dirigentes não haviam sequer ajustado o processo demissional, já que era inédito demitir alguém da presidência naquela organização. Ainda estavam solicitando as autorizações com a matriz, quando se publicou na Imprensa uma matéria dizendo que a tal pessoa estava “deixando a empresa para novos desafios!”.
Ela foi afastada na quarta-feira e a notícia saiu no domingo, nos principais cadernos de empregos e revistas. A profissional demitida assumiu a presidência de outra empresa e durante seu curto mandato a companhia perdeu quase 50% do mercado. Foi novamente demitida e outra notícia sobre o afastamento: “por motivos pessoais”, nos mesmos moldes.
Recentemente, essa executiva assumiu a presidência de outra empresa, teve um breve mandato e foi demitida. Porém, desta vez, não houve notícia nos jornais e nas revistas.
Cito ainda um outro caso. Um diretor de uma multinacional foi afastado por desvios de verba e utilização indevida de bens da empresa. Devido às ameaças que ele fez contra a empresa, foi firmado um acordo. Na ocasião, anunciou-se que “tal fulano” deixava a empresa “para tocar negócios da família”. Ele sumiu do mercado, por cerca de cinco anos e apareceu na alta direção de uma empresa multinacional, num cargo de altíssima confiança.
Pergunto: onde está o erro nesses exemplos, nesses fatos?
A resposta é clara: valoriza-se a imagem, acredita-se no teor do currículo, aceita-se a excelente postura numa entrevista, concorda-se com influências de relacionamento, confia-se nas versões dadas nas entrevistas e não se realiza uma pesquisa a fundo para saber quem é realmente aquele profissional.
Com o avanço tecnológico, há inúmeras formas de checagem a respeito de um candidato. Pelo lado formal, há o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), a Serasa, as polícias, a justiça, telefonemas que podem ser feitos para as empresas citadas no currículo do candidato etc. Pelo lado informal a, pode-se conhecer uma pessoa através do Google, do Yahoo, de outros sites de busca e sites de relacionamento. Talvez a alternativa seja recorrer: a um Clipping – sistema especializado no monitoramento de notícias e informações; à enciclopédia Wikipédia e muitas outras formas para se conhecer o comportamento, a exposição e as opiniões de qualquer candidato a uma vaga oferecida pela empresa.
O que importa no momento da escolha de um candidato é a confirmação: das informações passadas no currículo, da ética, de que não há exposição negativa, enfim, nada que no futuro venha comprometer o nome da empresa contratante. Investigação, perguntas, levantamentos, comprovações, tudo isso deve ser feito com muito tato, cuidado para se comprovar a veracidade.
Isso seria básico, fundamental, o raio-X da verdade!
A contratação desde um simples colaborador até o presidente de uma organização merece uma boa dose de atenção e dedicação, a fim de evitar a fragilidade dessa situação e que, num futuro próximo, esse profissional venha a ser demitido, porque não se fez, durante o processo de seleção, um trabalho de pesquisa, de investigação.
É sempre necessáriO muita cautela no processo de seleção, para evitar que milhões de reais ou dólares de investimento parem no lixo. Afinal, isso também provoca a desmotivação nos colaboradores. Com a palavra os profissionais de Recursos Humanos.
Texto escrito por Edson Lobo